terça-feira, 6 de novembro de 2007

Me diga com quem tu te identificas e te direi quem és



ligo no gnt às três da tarde e está passando um programa chamado 'mulher procura', em que uma mulher de uns 29 anos que é uma bem sucedida hostess se diz desesperada atrás de um homem, uma vez que ela está há 6 meses solteira (aparentemente isso é muito tempo)...

no discovery home + health, eles têm um programa chamado 'solteira na cidade', em que, a cada temporada, mostram um grupo de mulheres solteiras procurando homens em uma cidade diferente dos estados unidos...

na mtv tem beija sapo... acho que dá pra passar reto por esse aí... me constrange comentar...

por mais que seja divertido, 'sex and the city' é um seriado que também mostra mulheres que basicamente não ficam sozinhas por muito tempo (só não é tão ruim porque pelo menos elas não estão procurando marido todo episódio)...


o que está acontecendo?

eu queria muito entender... o que não faltam são programas de mulheres procurando 'um novo amor'... urgh... sinceramente, me chamem de amarga, mas me entristece ver que, apesar de estarmos em um novo milênio, era de aquário ou o que quer que seja, ainda existem muitos programas mostrando mulheres que precisam de um homem do lado (sendo que algumas nem ficaram um mês sozinhas e já estão a perigo) e chegam num desespero tal que apelam para a tv. não vou dizer que não existam homens participando desse mesmo tipo de programa (como é o caso do 'beija sapo' e do 'a fila anda', da mtv, assim como no programa sofrível do márcio garcia que passa de fim de semana), mas eu acho um tanto quanto curioso ver como alguns estereótipos não foram abandonados. como o da mulher carente, numa visão quase digna de 'as pupilas do senhor reitor', que dizia que 'o casamento é a bússola da mulher'... levando-se em conta alguns tipos de homem que se vê atualmente, é mais garantido seguir a esmo.


por outro lado, me espanta também ver que os programas que mostram homens como completos babões boçais também não encontraram sua extinção. o caso mais patente provavelmente é o 'the man show' que passa no canal fx. do pouco que eu peguei do programa quando passei pelo canal de madrugada, vi que é algo do tipo 'homens feios num set que parece uma taverna, bebendo cerveja e amassando a lata na testa, enquanto ficam fazendo piadas intermináveis sobre funções fisiológicas e mulheres'. eu não duvido que existam homens de fato iguais a esses no mundo (assim como não duvido que existam mulheres carentes por aí), mas acho que é um pouco demais dedicar um segmento inteiro da programação de um canal para essas pessoas.


e o problema central disso tudo é algo muito simples: a estereotipação dos gêneros. apesar da clara evolução dos papéis masculinos e femininos, ainda vivemos num mundo em que mulheres precisam ser vistas como histéricas e homens como neandertais. no entanto devo reconhecer que, se por um lado o estereótipo feminino apenas nos mostra como (para sempre) o sexo frágil, pelo menos não somos tratadas como forrest gumps femininos. por que fato é: você pega uma propaganda de cerveja, o homem é um retardado. você pega um programa 'feito para homens', o homem continua um retardado (talvez a única coisa a mais seja o fato de que muitas vezes nesse tipo de programa você coloca esse sujeito mexendo com ferramentas elétricas, aí pelo menos você tem um retardado com coisas perigosas... isso é um programa mais interessante, afinal existe o elemento de suspense).


o mais interessante, no entanto, é ver que muitas mulheres reclamam dos programas e propagandas que colocam esta classe na categoria de 'amélia / carente / fútil / etc'... apesar de termos feministas há décadas lutando pelo espaço igual ao sol (vide guerrilla girls), ainda existe o sentimento de que há algo a se conquistar. mas eu não vejo muitos homens reclamando muito de como eles são representados em algumas mídias. das duas uma: ou não se importam ou acham que é isso mesmo. o primeiro caso é normal, o segundo é mais deprimente. porque se já é ruim ser visto como um completo idiota, pior ainda é ter amor à camisa.

Um comentário:

Karina Nishioka disse...

Enquanto isso no O Melhor do Brasil:

"Ai, hoje não MárRRRrcio"