segunda-feira, 21 de abril de 2008

A vingança dos incapacitados


primeiro veio o wii para aqueles que (como eu), não sabem jogar videogame sem sair pela sala dirigindo o joystick... agora existe o serviço de busca de músicas perfeito para aqueles que nunca sabem o nome de uma música, nem do intérprete e às vezes nem mesmo em que língua é cantada. apresento-lhes o midomi. nele, você procura uma música cantando-a por 10 segundos e ele, por correspondência, encontra a música que mais se aproxima do que você cantou (ou grunhiu)... eu testei com algumas e percebi que muitas vezes ele não funcionava lá 100%... as que ele identificou facilmente:

tears dry on their own, da amy winehouse
time is running out, do muse
i predict a riot, kaiser chiefs
little room, white stripes
psycho killer, do talking heads
d'yer mak'er, do led zeppelin
addicted to love, do robert palmer
change your mind, do the killers

outras com as quais que ele não teve lá muita facilidade:

dur dur d'être bebé, do jordi
narc, do interpol
sexy thing, do hot chocolate
high voltage, do ac/dc
i'm your villain, do franz ferdinand (sei lá como ele achou que eu tava cantando rammstein)
i want you so hard (boy's bad news), do eagles of death metal


como deu pra ver, eu fiquei (e ainda estou) um tempão me divertindo cantando para o computador e, como eu pude comprovar, a culpa em parte não é dele por não achar a relação exata com algumas músicas procuradas. este é um site que funciona à base de colaboração, então as pessoas que estão inscritas nele cantam os trechos de música, aumentando as chances de correlações corretas para os outros usuários.

divirtam-se e muito 'tan taram tararam biruliru' pra vocês!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Things have changed



diálogo que eu escuto hoje no ponto de ônibus, saindo da faculdade:

- nossa, lembro daqueles dias que a gente passou com 'fulano de tal'...
- pois é... como faz tempo, pensando agora... lembra daquela noite que ele chegou completamente cheirado?
- o cara era completamente maluco, mas era um sujeito excelente...

para quem lê isso, especialmente considerando que isso aconteceu perto do instituto de artes da unesp, parece uma conversa normal de jovens junkies que podem (ou não) estudar por lá. talvez para a surpresa de vocês (e com certeza para a minha naquele momento), os protagonistas desse diálogo eram dois velhinhos que pareciam beirar os 80 anos. talvez eles tivessem bem menos que isso, mas a gente sabe como as drogas detonam a cara das pessoas (keith richards que o diga).

naquele momento eu fiquei num misto de riso e surpresa. nessas horas eu acho que às vezes eu (ou, se eu quiser generalizar, a minha geração) sou muito mais quadrada e certinha do que eu me permito reconhecer. sim, ainda me espanto com velhinhos tatuados e ainda mais com tipos que conversam abertamente sobre drogas - acho que o ponto mais engraçado dessa conversa foi quando um deles virou pro outro e disse 'é, o éter era gostoso, você meio que sentia o nariz desligando o cérebro'; 'pois é, tinha de 20, 40, 60... frasco de plástico, vidro... eu preferia o de vidro, você conseguia ver o quanto tava usando... mas o éter foi proibido no brasil, né?'; 'pois é, rapaz, proibiram no brasil tudo o que era bom...'.

o pior de tudo foi que, no ônibus de volta para casa (eles ficaram lá no ponto, relembrando os tempos de livin' la vida loca deles), eu fiquei me perguntando POR QUÊ eu estava tão chocada. velhinhos não nascem velhinhos, eles foram adolescentes e adultos assim como nós, e, convenhamos, nada do que esta geração está fazendo é lá tão transgressor ou revolucionário como gostaríamos de pensar. assim, é fácil nos espantarmos com uma cena em que pessoas nascidas antes da segunda guerra mundial (e, talvez, até antes da primeira!) discutam sobre temas como esse com tanta desenvoltura.

eu me dei conta de como nós sabemos muito pouco do passado (e por isso temos um sentimento um tanto quanto petulante quanto ao presente) quando comecei a ler um livro chamado "Teorias da Tatuagem" (bastante interessante, por sinal) e, em um determinado ponto, bem no comecinho do livro, a autora começa a falar de como vários membros da nobreza européia adoravam se tatuar. ela até chega a contar a história de uma princesa alemã que, fascinada com as tatuagens japonesas, fez um dragão azul e vermelho ao longo de todo o braço! isso sem contar as inúmeras figuras históricas (desde tolstöi a jfk) que adoravam tatuagens ou que possuiam várias imagens revolucionárias na pele. isso é uma subversão que hoje em dia a nossa geração está longe de apresentar porque nada que é feito atualmente vai chocar tanto quanto o que já vem sendo feito ou que já foi feito há séculos, senão milênios atrás.

sei lá, nessas horas eu vejo como muitas vezes a gente pensa que sabe tudo e na verdade não sabe nem da metade...

domingo, 13 de abril de 2008

Apropriando-me de outras palavras...

eu sei que isso é muito brega - colocar um trecho de texto no post -, mas hoje eu comprei o 'para viver um grande amor' do vinícius de moraes que veio naquela coleção de grandes autores da folha e o primeiro texto que eu abri foi esse:

Separação

Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável.

No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo.

Ela o olhava com um olhar intenso onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.

Viu-a assim por um lapso, em sua beleza morena, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória.

Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa.

Lembrar-se-ia haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação.

Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer.

Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de secionar aqueles das mundos que eram ele e ela.

Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se multo longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce.

Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele separada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela.

Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca.

Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais.

E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e agasalhara nos instantes do amor de seus corpos.

Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias - um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas.

De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde…

li outra coisa dele aqui na internet que eu achei bastante apropriada para o meu atual momento:


Amigos

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.

Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.

E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!

Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.

Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

"A gente não faz amigos, reconhece-os."



o homem podia ser até um bêbado mulherengo, mas eu sou obrigada a reconhecer que ele entendia muito de algumas coisas...

domingo, 6 de abril de 2008

O lado negro da inclusão digital...



OBS: atenção que as semelhanças não parecem ser muitas, mas a arcada dentária jamais mente...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Rock me, shock me





mais uma vez, vou fazer auto propaganda...

hoje recebi um email muito esquisito do alberto ruiz dizendo que ia me mandar o primeiro anuário dele de arte, o eye candy from strangers 1.0. eu tinha mandado uns trabalhos meus pra esse anuário, mas, não tendo recebido resposta (pelo que eu me lembrava) dele falando que eu havia sido selecionada, desencanei. o tempo passou, o anuário - que deveria ter saído em agosto - não aparecia e eis que hoje vi este email respondendo a mensagem que eu havia mandado ao ruiz em 30 de abril de 2007:

Alberto Ruiz escreveu:
Dear Clarissa,

The books are here, please email me your current address and I'll ship you a copy ASAP.
As per our agreement you pay for the shipment, I'll calculate the shipment charges after you send me your address.

Once you receive the book you can post a link to our blog and give your review. That would be enormously appreciated.
Thank you so much for being a big part of this.

Best,
Alberto
Feed your Soul, Draw Something!


fiquei curiosa pra saber se ele ia lançar outro eye candy esse ano (afinal, isso é um ANUÁRIO) e vejo no post do blog dele falando sobre o primeiro livro a capa - muito bonita, por sinal - e... a primeira página com um desenho meu! minha primeira reação foi 'que diabos isso tá fazendo aí?!', depois de uns 10 segundos, eu entendi o que estava acontecendo, mas não entendia COMO. até confirmei agora e REALMENTE eu não recebi nada, então sei lá... acho que só posso ficar alegre e achar ótimo ter conseguido essa oportunidade! assim que o livro chegar eu mostro outras páginas pra vocês, ok?

até!