sábado, 21 de julho de 2007

De volta... No Ritmo Proibido!!!

olás!

dado que o meu computador começou a se curar meio que misteriosamente, decidi não abandonar o navio e ficar por aqui pra ver o que acontece. e, já que era pra voltar, decidi marcar meu retorno de pouco mais de uma semana com uma resenha/narração de história sobre um filme que eu tive o prazer de ver hoje à tarde no VH1......




LAMBADA!


eu sei que vocês vão dizer: "nossa, é aquele filme horrível sobre a princesa amazônica que vai salvar a tribo de uma multinacional usando a lambada como arma?! nããão, meus caros... o buraco é mais embaixo. na verdade, este erro é muito comum porque (descoberta graças a uma rápida pesquisa no wikipedia) dois filmes de lambada foram lançados no mesmo ano. este que eu vou resenhar e o da princesa, que foi igualmente um fracasso. então, vamos lá!


devo ser sincera: eu tenho um gosto absurdo para ver filmes que são espetacularmente ruins. é um prazer quase doentio que me faz ficar duas horas perdendo tempo vendo atores ruins e roteiros mal formados. no caso de 'lambada', não só o tema 'beto barbosa' me atraiu, como o fato de que certas pérolas do fim dos anos 80 e começo dos anos 90 simplesmente não podem passar batido.
para começar, eu já achei bastante espirituoso da parte do pessoal da VH1 a decisão de colocar este filme no ar, na seção do 'movies that rock'. normalmente, eles colocam filmes muito bons ali, como 'clube dos cinco', 'rocky horror picture show', 'curtindo a vida adoidado', 'grease', e por aí vai... colocar 'lambada' no meio disso foi realmente um gesto que mostra que o pessoal do canal não está muito interessado em se levar extremamente a sério. ótimo! porque de outra forma seria muito mais difícil ter acesso a filmes como esse.
ah, e eu acho que é já bom adiantar que, para economizar espaço, eu decidi deixar subentendido em várias partes a frase "não, é sério, eu não to brincando" ao longo desse texto.

o filme começa numa escola de beverly hills, cheia de rapazes psuedo-miami vice e meninas que, para os padrões dos anos 90, deviam ser consideradas deusas (uma coisa só me incomodou muito nesse começo de filme, que foi eu ter entendido que aquilo era um colégio só depois de 10 minutos, pois os alunos tem cara de 28 anos). um novo professor de matemática foi contratado e o nome dele é kevin laird. também conhecemos a patricinha sandy (qualquer relação com grease aqui é mera coincidência), que, já sabemos, só apareceu no começo do filme porque é a protagonista e vai aprender uma grande lição nesse filme. ela namora um imbecil, dean, um dos caras populares do colégio (o que, nos padrões de hollywood, é um galinha que usa jaqueta do time da escola, anda de carro esportivo, é racista, usa cabelo de poodle e é mau ator).
um detalhe importante sobre laird é que ele é pobre, como eles deixam claro no fato de que seu carro não é tão bonito quanto o dos outros (mostrando que, apesar de trabalhar num colégio particular, ele é trabalhador e humilde). já na primeira aula de laird, você vê os alunos mimados bocejando, o nerd da sala (também, sempre caracterizado pela gravata, óculos feios e cabelo tosco... grande waldo! estabeleceu novos paradigmas) é o único que responde as perguntas, e as alunas (incluindo sandy) só ficam reparando no traseiro do professor com cara de clark kent, que a câmera decide dar um close pra que VOCÊ TAMBÉM aprecie a vista! sandy dá uma cantada no professor, que dá um fora e fica por isso mesmo.
kevin laird tem uma bela casa. kevin laird tem uma bela família. uma esposa que ama e um filho legal. tudo isso para que você saiba sempre que kevin laird é um sujeito boa praça... até que a noite cai.
à noite, os riquinhos vão pro drive in passar o tempo e tomar pepsi diet ou sorvete (?????). sandy vê dean dar em cima de uma garota, larga ele lá e vai com uma amiga e duas versões mexicanas do chico bam e chico bum pra uma boate chamada no man's land. o lugar fica numa boca em los angeles e lá você vê que as coisas não são mansinhas como em beverly hills... pois o que rola é o ritmo proibido... a LAMBADA! [segue-se mais ou menos 10 minutos de música com homens e mulheres de esfregando e girando, tendo na maioria dos takes closes quase invasivos da bunda das mulheres usando roupa de trabalhadoras da noite do centrão]
mas sandy não está sozinha na boate. antes dela, chegou ninguém mais ninguém menos do que o PROFESSOR LAIRD (que, na noite, se chama, na verdade, blade)! e lá está ele, se friccionando numa vagaba qualquer (aí você se pergunta o quanto ele valoriza o próprio casamento... porque, para alguém que só dança, ele faz movimentos pélvicos com uma mulher montada nele de forma bem convincente), vestido de motoqueiro e arrasando na lambada! sandy se assusta por ter visto o professor e vai embora. depois disso, você vê blade juntando um pessoal da boate e indo para uma sala com mesas de sinuca e uma lousa. aí você descobre a outra novidade (essa realmente assustadora): blade ensina MATEMÁTICA pro pessoal que sai de balada! nessas horas você vê como esse filme é errado: primeiro que um sujeito de 30 e poucos anos e casado sai toda noite pra dançar lambada com um povo com metade da idade dele - tudo isso para que ele possa se misturar ao pessoal; segundo que a balada do gueto hispânico é LAMBADA, AULA DE MATEMÁTICA e tudo isso regado a muita PEPSI... deve ser muito deprê ser pobre e imigrante ilegal em los angeles...
a visão de laird/blade mexeu tanto com sandy que ela começou a desejar intensamente o professor - com destaque para um sonho acordado da garota, em que ela se imagina dançando lambada em cima da moto com o professor. assim, uma noite depois, ela passa por uma transformação, se veste de tramp e vai pro no man's land tentar a sorte com blade. obviamente, ao ver a aluna e notar o que ela está tentando fazer, ele dá um chega pra lá nela, o que é observado de longe por ramone, um cara que, só porque blade quer que ele estude também e é o cara mais popular e cool do clube de lambada, não gosta dele. depois de muito insistir, sandy dança com o professor, mas ele acaba logo com a graça dela e a leva pra fora (não antes de você descobrir que, primeiro, kevin laird é filho adotado e é mexicano, sendo que o nome dele original era carlos gutierrez; como também você fica sabendo que ele fez parte de gangues no passado... sério, esse filme tem MUITA reviravolta surpreendente!).
a família de blade laird sabe da sua vida dupla, no entanto. quer dizer, sabem pelo menos de uma parte. sua mulher sabe sobre as aulas e o filho sabe que o pai sai à noite porque tem um 'trabalho especial', mas laird é bem espertinho omitindo a parte sobre atrito pélvico que vem antes do ensino...
nas cenas seguintes você vê sandy continuamente ignorando dean, apesar dos pedidos seguidos de reconciliação do rapaz e aqui eu vou dar um destaque todo especial para a cena mais significativa do filme todo:
durante a aula no bar nos fundos do clube, blade é interrompido por ramone que quer jogar sinuca. blade, então, decide explicar para ramone que, para que ele acerte a sua tacada, saiba o que é o sistema de coordenadas retangulares. aí, segue-se um momento no melhor estilo 'donald no país da matemágica', com o professor explicando como você define o ângulo para acertar determinados pontos da mesa e encaçapar a bola. ele, obviamente, é desacreditado por ramone, que, mais obviamente ainda, se ferra ao ver a bola 8 caindo na caçapa. essa cena mostra ramone ficando pasmo em notar como ele está errado, por mais que ele nunca vá admitir isso perante todos, afinal, ele tem uma reputação de bad boy latino a zelar.
após essa cena, vem um momento completamente gratuito na escola particular stonewall, em que os alunos estão mexendo num programa de computador. quando laird sai da sala, dean tira sarro dos computadores e isso mexe com os brios do nerd. mas, para não apanhar, este aperta um punhado de teclas e uma música mixada muito ruim começa a tocar e os alunos, completamente do nada, começam a dançar um funk muito do vagabundo, que serviu só pra mostrar nesse filme que brancos não sabem dançar. apesar de coisas como essa, a sala de laird é tida como a que possui o melhor rendimento... vai entender...
laird pediu segredo para sandy e ela concordou em guardar, mas isso não a impediu de avançar sobre o professor, seja na sala, seja no carro dele. ela acaba abrindo o bico para a amiga leslie, que também jura segredo. é claro que isso não vai durar muito tempo. numa noite em que sandu está indo para a no man's land, dean liga para ela e leva um fora. revoltado, ele liga para leslie e marca um encontro. ele fica se lamentando que não sabe porque sandy mudou e leslie acaba mencionando o no man's land. dean chuta a menina pra fora e sai em disparada.
na boate, sandy tenta DE NOVO dar em cima de blade, mas dessa vez ramone a puxa para dançar e, no meio tempo, blade vai embora, chamando os alunos da galaxy high (nome dado ao grupo que tem aulas nas mesas de bilhar) para entrarem num ônibus e eles partem. sandy dá por falta de blade e pergunta onde ele está. ramone sussura algo no ouvido dela, a garota fica chocada e imediatamente vai embora.
o ônibus da galaxy high chega em stonewall e os alunos entram na sala para fazerem um simulado (cara, essa gente vive perigosamente! nada anima mais a minha noite do que fazer ENEM...!). eles ganham camisetas - feias - escrito 'galaxy high' e, dada a animação dos estudantes com algo tão malfeito, você começa a acreditar que eles são mais carentes do que aparentam.
enquanto isso, dean chega na boate. três pseudo-malandros latinos chegam e dean os paga para cuidarem do carro, mas chama um de 'paco'. má idéia. ao entrar para saber onde está sandy, ramone (que antes estava escondido estudando, lápis e transferidor na mão) fala, só de filha da putice, que blade a levou para o colégio stonewall. não demora muito até o dono do lugar dar um pito em ramone dizendo que laird acreditava no potencial dele e o rapaz de arrepende e decide consertar a merda que fez. ao voltar pro carro, dean vê que ele foi pichado. em pânico com o ato violento dos nativos, ele saiu desesperado, aproveitando para ligar do telefone em seu carro para os amigos.
dentro do colégio, sandy vê, do lado de fora, os alunos de blade fazendo a prova e, ao notar que ela está lá, ele a convida para entrar. depois, ao saírem todos, ela expressa sua admiração pelo professor e sua transformação de patricinha irritante para pessoa altruísta e consciente da injustiça na diferenciação de classes... isso é a lambada tornando este mundo um lugar melhor. mas o clima vai ser quebrado quando dean e seus amigos chegam pra descer porrada em blade laird por supostamente existir um caso professor/aluna. ramone chega e começa uma cena de luta constrangedora, em que os valentões de dean apanham feio, mas a polícia chega para colocar ordem na bagaça.
isso leva à demissão de laird, mas sandy não vai deixar que isso fique dessa forma. ela tenta de várias formas que a escutem, até que ela junta os alunos do galaxy high e os leva até a sala do diretor, onde está o superintendente do colégio, que, impressionado com o trabalho de laird pré-flagrante, decide dar para o professor uma segunda chance, na forma de uma aposta: se ele for tão bom, vai colocar frente a frente para uma gincana de matemática os alunos da stonewall e da galaxy high que estavam envolvidos diretamente com a confusão que ocorreu antes.
surge a cena clichê em que os idiotas da escola particular enfrentam os humildes alunos das ruas e a disputa é acirrada. eu ainda fico meio passada de pensar que o filme de lambada usa a dança apenas como pano de fundo para dizer que matemática é divertida e que, só estudando, você vai ser alguém na vida. mas, voltando, o placar fica 7 a 7 e, quem fizer o oitavo ponto ganha. de todos os alunos da galaxy high, ramone era o que estava com o maior medo de ir responder. depois de muita hesitação, ele vai, tendo dean como oponente. a pergunta é: explique o que são coordenadas retangulares. laird tira, inexplicavelmente, uma bola 8 da mala e ramone se lembra, responde de uma forma meio torta, mas acerta. o diretor tenta sacanear e dizer que a resposta está inaceitável, mas o superintendente o corrige e a justiça prevalece. laird sobe ao palco e conta a sofrida história de sua vida e os alunos rivais se abraçam e decidem deixar as diferenças de lado, especialmente quando um cara surge do nada e grita 'vamos festejar!', o que leva à cena final, como todos dançando lambada do lado de fora do colégio, no meio da chuva (???). conforme os créditos passam, você vê como a lambada e o ensino levaram os alunos da galaxy high a subirem na vida, virando professores, estilistas, técnicos e economistas...

mas há coisas interessantes que eu descobri após assistir a esse filme. uma delas foi que a atriz que faz sandy é, atualmente, quem aparece como trudy, a mulher de adrian monk, o detetive da série de tv! além disso, boa parte dos atores desse filme nunca apareceram em mais nada relevante no cinema ou na tv desde então. além disso, é interessante que, sempre que falam em lambada, dizem que é a dança que já foi proibida no brasil, quando, na verdade, o MAXIXE havia sido proibido aqui na década de 20.

bem, é isso. se puderem, assistam esse filme na VH1... vale cada minuto! até, pessoas!


ATUALIZAÇÃO 28/07: caso alguém se sinta MUITO ansioso para ver o filme, dá para comprar o DVD no site da Submarino!


atualização 05/08: achei o trailer! que perfeito!!!



3 comentários:

Anônimo disse...

Hey! Ah, agredeço imensamente que tenha poupado 2 horas da minha vida, que também não seriam usadas tão interessantemente assim, provavelmente, mas deu pra entender. Peço/recomendo que conte mais filmes dessa época mágica, idílica até. A época em que nascemos, os anos 80. Ah, que alegria, que beleza.

Bjs Cláááááááááááááááááááárgh!!!

Unknown disse...

Clacla, olha que coisa, sintimos também um prazer imenso em assistir filmes ruins, consciente de que o filme é ruim! Infelizmente aqui em sampa nós temos poucos canais a cabo, então não rola assim uma super variedade!!!
Muito hilário ler o post!!!!!

Beijos
Até o IA!

Unknown disse...
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