sábado, 23 de junho de 2007

XY



nelson rodrigues já disse uma vez que 'mulher gosta de apanhar'... um amigo meu já disse uma frase semelhante, mas um pouquinho mais politicamente correta: 'toda mulher gosta de homem cafajeste'.
não falarei em nome da classe, falarei por mim mesma: que idéia de jerico é essa?! o que me deixa pasma é que ninguém teria dito essa frase se não houvesse um grupo de pessoas (aí incluem-se não só homens como algumas mulheres também) que de fato acreditam nisso e tomam como fato.

a sensação que eu tenho é que, quando se trata da frase dita por homens, temos dois grupos com visões e comportamentos diferentes (não acho que todos só se dividem nisso, só vou apontar os dois mais comuns):

os machões - que se acham gostosos, se reconhecem cafajestes com direito a FGTS, provavelmente lêem VIP e chegam em mulheres praticamente como uma hiena num documentário do Animal Planet. eles não pensam com a denominada 'cabeça de cima' e, por isso mesmo, acham que sabem lidar com mulheres, quando aquelas com quem ficaram eram em sua maioria vagabas (que serão analisadas depois).
os calejados - provavelmente já sofreram porque uma garota preferiu um cafajeste a eles, então ficam de manha. por isso eu gostaria até de fazer um parêntese aqui e comentar algumas coisas:
1) mulheres não têm problema com homens sensíveis... mulheres têm problemas com homens que são quase mulheres. algo que eu tenho visto demais ultimamente são homens tão inseguros e carentes quanto muitas mulheres por aí. mulheres por natureza são complicadas (nem eu tenho paciência pra elas, sinceramente...), então quando um homem assim aparece, mais complica do que ajuda. fato é: um cara que se disponha a ouvir o que você pensa e sente é ótimo, mas toda garota quer se sentir cuidada de uma forma que esses aí não conseguem muito bem. mas é claro que eu acho que as mulheres poderiam ser mais práticas e objetivas a respeito de tudo, também. não é pra só um ter todo o trabalho.
2) eu entendo homens que odeiam ser chamados de 'fofos'... nem sempre isso é garantia de que eles terão o que eles buscam. às vezes é o contrário.
3) uma coisa é um cara que é confiante. outra coisa é um cara que QUER se achar confiante. em termos mais simples: caras que se acham e sabem que não seguram a onda. se você acha que todas as mulheres do mundo te querem, pare com isso. é ridículo. um cara confiante é alguém capaz de ir tentar tomar uma iniciativa sem se passar por um casanova tosco e ficar tranqüilo se tiver sucesso ou não. e é isso que nós queremos ver (e aqui nem falo pelas mulheres, mas acho que pelo mundo, mesmo!).
4) homens que elogiam muito me incomodam. sempre foi assim... mas isso é uma falha minha. um ceticismo meu a respeito daqueles que já demonstraram interesse. não sou grossa, no entanto. sorrio, agradeço e tudo mais, mas não vou na onda. não elogio de volta e só observo pra saber o que vai acontecer. tive muito pouco de experiência, na minha opinião, mas por isso eu nunca botei fé em bajuladores. só conheci duas categorias deles: cafajestes e carentes. as duas me desagradaram.
mas, voltando ao calejados: o que faz com que eles acreditem nessa frase é o fato de que sua posição é vulnerável e eles perderam aquelas que queriam para outros homens que às vezes nem eram cafajestes, mas eram alguém mais firme ou que tivessem mais a ver com elas, seja lá como fossem. mas eles se achavam melhores (e eu não acho que tem nada de errado com isso. é bom se dar valor, especialmente para se dar conta que, se o outro não te quis, não era bom o suficiente para você), logo, se acham injustiçados. assim, a pseudo-superação dessa situação vem através da generalização amarga. é claro que estes mesmos rapazes podem até tentar ser cafajestes, mas não funciona. o problema não está no comportamento, mas sim na cabeça.

e quanto às mulheres? bem, nem todas (na verdade, bem poucas) que acreditam nessa frase admitem isso, mas as que a dizem batendo no peito são apenas versões mais escancaradas das primeiras: garotas que são assim também, mas não recebem o nome de cafas e, embora o termo mais apropriado fosse vagabunda ou coisa assim, acho que as duas últimas sílabas tornam o adjetivo mais agressivo, logo, embora todos saibam que é essa a palavra, ninguém fala de fato. na minha opinião essa é a única explicação. afinal, uma menina ou uma mulher que consegue sair ciscando em terreiro alheio fácil assim, só alegando em sua defesa 'é a natureza do ser humano', está entre palavras que terminam com 'unda', 'anha' ou 'uta'. não acho que eu não sou passível de erro ou que posso servir de palmatória do mundo, mas, se algum dia na minha vida acontecesse algo assim, eu prefiriria assumir a responsabilidade, porque inventar uma desculpa esfarrapada é só mentir pra si mesmo e piorar ainda mais a própria situação.


mas é isso. eu estava pensando nisso esses dias, mas só hoje consegui pensar em como organizar essas idéias. até mais.

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